Frequentemente o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é rotulado como uma “ilha de excelência” na administração pública
nacional. Mais do que mero achismo, essa acepção traduz a influência de um ideal tecnocrático sobre a regulação. Para a autoridade concorrencial brasileira, a ideia de tecnocracia muitas vezes legitima a sua própria atuação. Este livro não apenas busca entender como esse ideal de tecnocracia foi desenvolvido no Brasil, mas também procura desmistificá-lo. Por meio de um exame empírico do nível de qualificação
técnica dos líderes que moldaram a defesa da concorrência no país ao longo da história, o estudo revela que, longe de ser uma “ilha de excelência”, o CADE utiliza a retórica tecnocrática para promover uma antipolítica concorrencial. Ao supostamente despolitizar esse instrumento regulatório, a tecnocracia tende, na verdade, a concentrar o poder em um círculo fechado de tecnocratas, em detrimento de outras formas de controle e de participação democrática na governança econômica.
Com título inspirado em uma obra do artista Paulo Nazareth, Lima, em sua introdução, apresenta os múltiplos significados que “negros na piscina” produz, sentidos estes que, carregados de ironia, expõem as contradições e tensões que estão por trás de uma aparente representação festiva.